ACP pede aos condutores que não cumpram ordens da câmara





O Automóvel Club pediu ontem aos automobilistas que continuem a circular no Marquês. Objectivo é mostrar que obra é um “erro”

O Automóvel Club de Portugal (ACP) apelou ontem aos automobilistas de Lisboa para que continuem a circular na rotunda do Marquês e na Avenida da Liberdade, contrariando assim o pedido da câmara – que apelou recentemente aos condutores para que sejam “criativos” e se desviem “para vias alternativas”.

Num comunicado, o ACP classifica a atitude da autarquia de “arrogante e prepotente”, ao “brincar com a vida de milhares de pessoas que precisam do carro para trabalhar e que entram diariamente na cidade pelo túnel do Marquês”. Por isso, o clube apela aos automobilistas para que não deixem de utilizar a rotunda. O objectivo é que “a obra da câmara seja vista por todos e o seu erro seja vincado na estrada”. “A Câmara Municipal de Lisboa anunciou que, a partir das 22h [de ontem], o trânsito ficará fortemente condicionado na Avenida da Liberdade e no Marquês de Pombal, o que inevitavelmente aumentará ainda mais o caos no trânsito”, acrescenta a associação, avisando que o trânsito se irá complicar naquela zona da cidade: “Se ainda e apenas com as baias já se pode concluir que o trânsito não flui, a partir desta noite e com o regresso em força às aulas a partir de segunda-feira, o inferno rodoviário vai instalar-se em pleno coração da cidade”, refere o ACP.

“Experimentalismos” A associação recorda ainda que apresentou uma proposta para a alteração do trânsito no Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade, mas que o fez “de forma estudada e sustentada”, alertando, “desde a primeira hora”, para o facto de “que este projecto da câmara iria entupir de forma escusada o trânsito”. Na nota divulgada ontem, o ACP considera também que, mais uma vez, a autarquia “manteve a sua obsessão anti-automóvel: quem quiser ir para a Baixa, para a Avenida da Liberdade ou para o Marquês de Pombal, que vá de transporte público. Prepotência ignorante de quem se serve dos automobilistas para experimentalismos de cerca de um milhão de euros”, diz. O clube refuta, por outro lado, o argumento que tem sido usado pela autarquia para justificar a obra: a poluição. “Esse argumento é falso e a câmara sabe-o bem”, continua a nota do Automóvel Club, que acrescenta que as associações ambientalistas e o próprio ACP apresentaram à autarquia várias soluções alternativas. “Se o trânsito é condicionado na avenida mais larga e passa para a malha envolvente, com vias muito mais estreitas e sinuosas, é bom de ver o resultado”, refere o comunicado.

O ACP recorda ainda que a própria autarquia admitiu, nos estudos que fez, que os mais poluidores são os transportes públicos. “E para isto não há qualquer solução. Além de que o índice de circulação automóvel na Avenida da Liberdade já foi fortemente reduzido, facto reconhecido pela câmara”, considera o clube.

A rotunda do Marquês, em Lisboa, esteve em obras. O projecto da câmara prevê que as faixas exteriores sejam exclusivamente usadas por transportes públicos. As alterações à circulação entram em vigor amanhã.

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