“Falta de motivação gera insegurança”. Quem o diz é a Associação de Profissionais da Guarda, que aponta o dedo a situações que os militares da GNR enfrentam, diariamente,

O armamento em uso é obsoleto, mas já há pistolas novas… que ficam no armário. As patrulhas nocturnas são em número insuficiente, nalguns destacamentos. O estado de conservação das viaturas é mau. Os efectivos, nalguns postos, não param de diminuir… As críticas são da delegação Centro da Associação de Profissionais da Guarda (APG). O Comando Territorial de Coimbra da GNR não quer comentar.
Ao DIÁRIO AS BEIRAS, fonte da APG destaca que “o mal da guarda é que não há policiamento para os dias de hoje”. Os relatos das insuficiências chegaram à associação através de “diversos e-mails e cartas que foram sendo recebidas”. Algumas delas são agora dadas a conhecer.
No caso específico do destacamento de Cantanhede, “as patrulhas nocturnas são insuficientes para Cantanhede e Ançã, uma vez que há apenas dois elementos”. Também o facto de haver postos - onde apenas permanece um militar por noite - não agrada, até porque “vai contra o que foi determinado pelo ministro”.
O armamento também merece críticas. “É obsoleto e há pistolas que têm 40 a 50 anos”, diz a APG. E o que choca é que, por exemplo, no próprio Comando Territorial de Coimbra, “há pistolas novas no armário que esperam por uma ordem para poderem ser utilizadas”. As noites são outro problema. “Há alturas em que se fazer quatro noites seguidas”, levando a um “extremo cansaço” por parte dos militares.
Noutro plano, a associação sublinha que houve uma diminuição do número de militares. São exemplos os casos dos postos de Quiaios, Paião, Praia de Mira e Cantanhede. Nesta cidade, “há 10 anos havia 43 militares e, hoje, são apenas 30… sendo que só 20 é que andam na rua”.
Sem sentido, de acordo com a associação, “são os muitos quilómetros que são feitos, por noite, para defender os multibancos” – mais um exemplo de que não há policiamento preventivo. “Na prática, a GNR funciona como segurança privada de instituições bancárias”, lamentam. Tudo isto demonstra que, na GNR, a regra é “remediar em vez de prevenir”, o que origina uma “falta de motivação em muitos militares”. E, acentuam os responsáveis da delegação Centro, “falta de motivação gera insegurança”.