Os estudos efectuados nos diversos países onde a investigação na área da segurança rodoviária é mais credível, indicam que em mais de 90% dos acidentes verificados, existe alguma responsabilidade de, pelo menos, um dos utentes intervenientes.
A atitude e os comportamentos dos utentes dependem muito da sua educação enquanto cidadãos e da sua formação específica enquanto utilizadores da infra-estrutura rodoviária. Como peões, e como passageiros e condutores de cada tipo de veículos. Tal deve ser consubstanciado na chamada educação rodoviária.
A educação rodoviária deve constituir um processo pedagógico que proporcione ao indivíduo as atitudes, os conhecimentos e as competências necessárias à adopção de comportamentos seguros como utente do trânsito.
Para se conseguir implementar esse processo, deve ser construído um modelo que se concretize num processo contínuo ao longo das diferentes fases de desenvolvimento da pessoa, desde a educação pré-escolar, passando pelos vários níveis de escolaridade, e que se prolongue ao longo da sua vida como condutor. Por isso, deve ser integrada no contexto global da educação do cidadão.
Pela importância que tem, a integração da educação rodoviária no processo educativo global deve resultar de uma acção concertada da comunidade educativa alargada, a começar na família e na escola.
À família, desde logo, cabe um papel fundamental que se traduz em duas acções prioritárias e insubstituíveis:
- a protecção da criança (nas diversas fases do crescimento, enquanto peão e enquanto passageiro)
- o exemplo concretizado nas acções concretas adoptadas enquanto utente responsável e respeitador
E à escola, qual deve ser o papel? – O tratamento pedagógico da Educação Rodoviária, integrando a teoria e a prática nos seus programas escolares, garantindo o tempo de leccionação e a sistematização da ministração dos conteúdos necessários à adopção de atitudes e de comportamentos adequados.
Para tal, é fundamental que aos professores seja proporcionada uma formação inicial e contínua que lhes forneça os conteúdos necessários à formação e os habilite à implementação das práticas pedagógicas mais adequadas a esses conteúdos.
Infelizmente, salvo raras e honrosas excepções, desde há quase uma década, não é nada disto que se tem visto. O que mais frequentemente se tem visto, como acções ditas de Educação Rodoviária, é o aparecimento de diversas entidades que, na ausência das competências necessárias, se apresentam pontualmente e aleatóriamente junto das escolas e das crianças mais novas a debitar normas do Código da Estrada, a mostrar o significado de alguns sinais de trânsito e a simular a condução de diversos tipos de veículos, para crianças que de forma alguma devem circular na via pública, nem de bicicleta...
É por isso da maior urgência, que sejam disponibilizados meios credíveis, de qualidade reconhecida, que habilitem os professores a serem agentes activos e eficientes da Educação Rodoviária das nossas crianças. Muitos milhares de vidas poderão ser salvas e muitos milhares de deficiências mais ou menos profundas poderão ser evitadas ao longo dos anos se as atitudes e os comportamentos forem os adequados. E os comportamentos dos futuros condutores resultam, em grande parte, das atitudes que forem moldadas em criança