“Ó SR. GUARDA, DESAPAREÇA!”

Mário Soares nunca se deu bem com a autoridade. Em tempos idos, os motivos foram perfeitamente justificados. Mas o pior é que o antigo Presidente da República nunca mais pareceu conviver bem com os agentes da autoridade. Recordo um episódio com alguns anos, durante uma das suas muitas presidências abertas, em que se virou para um oficial da GNR que fazia a sua escolta e berrou, perante as câmaras de televisão: “Ó Sr. guarda, desapareça!”. O Sr. guarda, que só estava cumprir o seu dever... desapareceu.
Agora, há três dias, veículo oficial onde seguia foi apanhado pelos radares a 199 km/h na A8. Mário Soares não gostou porque o militar da GNR não apenas não desapareceu como ainda teve o descaramento de lhe perguntar se pretendia pagar logo a multa de 300 euros. Era o que faltava: “O Estado é que vai pagar a multa!” terá respondido.
Muitas foram as vozes que se levantaram contra a atitude do ex-chefe de Estado. Mas a mim, pelo contrário, fez-me rir. O motorista até pode ter ficado com a carta apreendida, mas, pelo menos, Soares não disse que a culpa era de quem ia ao volante – prática bastante comum – nem que seria este a pagar a multa. Não. Disse claramente que quem paga é o Estado. Somos nós todos. Até o militar da GNR em questão. Como sempre.
Quanto mais não seja, muito obrigado pela frontalidade.


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